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Amigo de Zico, mestre brasileiro de karatê lidera projeto social no Japão

Máteria interessante, realmente a filosofia das artes marciais salva.

Tetsuyoshi Kodama usa a disciplina do esporte para tentar tirar jovens da criminalidade em Hamamatsu

Por Mariana Kneipp Direto de Hamamatsu, Japão
 
Mundial Feminino de Vôlei - Mestre Tetsuyoshi
Mestre Tetsuyoshi, há 19 anos no Japão
(Foto: Mariana Kneipp / Globoesporte.com)
“Fixe seus olhos firme no objetivo e não se importe com os tombos”. Ordem de mestre, responsabilidade de pai. Há 19 anos no Japão, Tetsuyoshi Kodama divide sua rotina entre o tatame e as ruas de Hamamatsu, cidade que recebe a primeira fase do Mundial feminino de vôlei. Cinco vezes faixa preta, ele tenta passar a disciplina do karatê aos seus alunos da academia e aos adolescentes com quem conversa durante rondas noturnas promovidas para dar um ippon na criminalidade. Ajuda jovens brasileiros que têm famílias desestruturadas e/ou não se adaptam à rejeição sofrida nas escolas.
- Não sou um líder comunitário, prefiro que me vejam como um pai. Sento, converso, tento entender o que aconteceu com aquele menino. Então, convido para aprender a lutar na minha academia, para canalizar a raiva somente para o esporte. Já consegui que, pelo menos, 20 deles saíssem das ruas e encontrassem a paixão no tatame, seja pelo karatê ou pela dança, já que também empresto o espaço para grupos coreógrafos – contou o professor, que organizou o primeiro campeonato mundial infanto-juvenil de karatê há dois anos.
Mundial Feminino de Vôlei - Mestre Tetsuyoshi quando era taxista
Mestre Tetsuyoshi quando era taxista
(Foto: Mariana Kneipp / Globoesporte.com)
Os ensinamentos para esses meninos vêm de quem conhece os benefícios da dedicação ao trabalho. Aos 19 anos, Kodama foi convidado pelo mestre Yoshiji Sown para treinar no Japão. Ele, que já era professor de karatê em São José dos Campos (SP), aceitou e se mudou com a família para Hamamatsu. Como o tatame não rendia tanto dinheiro, o paulista teve de dividir seu tempo com outra função.

- Fui o primeiro taxista brasileiro da cidade. Viajava duas horas para treinar todos os dias, porque trabalhava longe da academia. Passei por isso durante dois anos até o mestre me dizer que eu estava pronto. Foi difícil, mas eu já tinha a responsabilidade de cuidar de uma família. Precisava me virar.

O esforço valeu a pena, e mestre Kodama conseguiu comprar um espaço para dar suas aulas e fazer o que mais gosta: trabalhar com crianças. Foi ali no tatame também que ele soube de histórias que o levaram à estação de trem de Hamamatsu. Ao saber de crimes envolvendo jovens brasileiros, que andavam pelas ruas à noite, criando baderna, ele chamou amigos professores de faculdade e criou um grupo de ajuda a esses meninos. Seu esforço em prol das questões sociais foi condecorado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva com a Ordem de Rio Branco, com grau de Oficial, em 2009.

Elogios de Zico deixam o mestre emocionado
 
Mundial Feminino de Vôlei - Mestre Tetsuyoshi com recado do Zico
Mestre Tetsuyoshi e o recado de Zico
(Foto: Mariana Kneipp / Globoesporte.com)
O trabalho também virou documentário e entrou para o currículo didático de escolas e faculdades japonesas. Mestre Kodama tornou-se um ídolo na comunidade. Ao seu lado, teve apoio de governantes e personalidades do esporte, que declararam sua admiração. Um deles foi Zico, que, como jogador e técnico, fez história em terras nipônicas.

- Zico é um amigo. Encontro com ele e Rickson Gracie uma vez por ano para discutirmos melhores maneiras de trabalhar o esporte com essas crianças daqui. Ele já escreveu depoimentos sobre o nosso trabalho, que foram bastante emocionantes.

Presente no cenário esportivo de Hamamatsu, mestre Kodama foi convidado para jantar com a seleção brasileira no dia 3 de novembro, quando se encerra a primeira fase do Mundial de Vôlei e o time deve deixar a cidade. Confiante em mais um bom resultado do Brasil, ele manda um recado às meninas, via uma de suas lembranças de ensinamentos: “Aquilo que almejamos está logo ali a nossa frente”.

Assim comol o grande sensei Tetsuyoshi a Domínio Marcial acredita no poder da filosofia de transformar vidas e promover a paz.

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